Salessuir

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Goiás, Brazil
Com este nome dá para pensar que sou única, né? E sou,embora saiba que exista pelo menos uma outra salessuir por este mundão de meu Deus.Dela tenho esta única informação.De mim sei que já vivi o suficiente para saber de muita coisa e o bastante para entender que falta muito por aprender. Até que a Morte diga: Chega!
Direito de ir e vir daqui pra lá e de lá pra cá, não é ser livre... É gaiolar.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

102...

Da centena de ideias,
Uma se apresentou com início, meio e fim:
Juntos até que a morte os separasse.

Achou, na Ideia inteira, a saída organizada.
De todas elas, esta pareceu possível.
Soou viável.

No início foram flores...
Mas o jardim não prenunciou o “meio” assim.
Percebeu, então, um final estranho
Porque a morte não avisa em que horas, dia, mês ou ano separá-los-ia enfim.

De cem ideias, cento e uma para ser exata,
Esta. Pronta. Atávica, com início, meio e fim
Tornou-se injusta já que quem mais luta
Pode ir, justamente, quando se descobre que o melhor é ficar aqui.

Não foi de repente que ficou moderna.
Não foi de repente que elegeu a centésima segunda Ideia,
Aquela que apostou somente nela:
Começaria pelo meio...
Quase sempre teria os sabores do início...
E poderia o tempo todo reinventar o fim.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Tus palabras, mis miradas


A irmã da Espanha também tem uma Gaveta. A dela é mais cheia do que a minha. Transbordou e ela mandou coisinhas que deixaram de ser só dela. Do vilarejo de lá ela fica espiando e cultivando saudades das cidadezinhas daqui. Sempre pede fotos dos lugares que ama para reviver as histórias que protagonizou. Por isso, intervi  em imagens daqui, sem muita importância, mas que ela adora e as usei  para ilustrar as rimas fabricadas pra lá do nosso mar.  



segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tus miradas, mis palabras. Tu palavras, mi miradas

Tenho uma irmã na Espanha. Ela não foi buscar o chapéu azul e branco da cor daquele céu. Ninguém entende porque ela não quis ir lá para ficar rica, custasse o que custasse. Ela nasceu com o bichinho comichão. Nunca conseguiu ficar muito tempo no mesmo lugar fazendo a mesma coisa que todo mundo, todos os dias da vida inteira. Simplesmente foi descobrir que jantar a luz de velas, vinho e lareira só são romântico para quem tem muitíssimo dinheiro e para quem quer viver as facilidades dos romances triviais. Lá a neve é impiedosa, a madeira para a lareira é cara, os príncipes estão escassos e vinho necessário para esquentar o corpo e a alma que mora nele. Sempre amou a natureza de qualquer lugar e fugiu de Madri do mesmo jeito que fugiu daqui. Mora no interior do interior da Espanha: vilarejo.  Gosta de gente, porque gente vive as histórias que inventa. Já falei para ela escrever tudo que me contou sobre cada morador do lugar que escolheu. São personagens que Almodóvar não perderia.  Gosta de se aventurar: já foi cozinheira e dona de restaurante, mochileira, colheu azeitona, fez azeite e se azeitou claro, porque ninguém é só felicidade o tempo todo. É lírica e agora descobre como se faz lares por lá. Aqui, nunca trabalharia na construção civil. Adora fotografar e não ter aquela máquina profissional não a impede. Mandou umas fotos. Usei aqui para ilustrar umas coisinhas minhas, quase sem importância e outras que rimam.  





domingo, 3 de julho de 2011

Prioridades

Preciso de fio dental, Daquele corte no cabelo. Curativo pras feridas, um ótimo travesseiro. Preciso caminhar e retomar antigos hábitos, fofocar com a vizinha. Deixar de ser a rainha do lar, voltar a ser a princesa prometida.
Preciso dar uma limpa nas gavetas, nos armários, em meus gostos. Do vestido da vitrine em tamanho maior. Antes de aumento salarial, ter um bom emprego. Preciso gostar de chás. Acreditar nas revistas femininas. Ter ânimo pra namorar. Ter saco pra aguentar filhos e humor com as contas a pagar.
Preciso de espelho mágico, ir ao ginecologista, de novos óculos, novas bijuterias. Nem vou me lembrar do tratamento com o dentista. Paredes recém pintadas. Ir ao cinema todos os dias. Preciso emagrecer sem deixar de comer o que gosto. De um carro, casa própria, um notebook só pra mim, numa rede na varanda pra navegar porque é preciso e eu... Preciso!
Preciso valorizar coisas fúteis. Rever minha relação com as plantas. Deixar de vegetar em qualquer relação. Voltar a ter um cachorro. Alguém que cozinhe o que eu sonhar e deixar de invencionices com arroz e feijão dia-após-dia.
Preciso dar trabalho para alguém. Parar de resolver problemas alheios. Estar na cama por inteiro. De duas viagens por mês, e para cada viagem um par de novos sapatos, várias blusas, bermudas, saias e banho de sais.
Preciso que cresçam minhas unhas para poder fazê-las. Ter os pitis da TPM sem culpa. Continuar a ser mulher antes de ser mãe, esposa, avó e sogra.
Eu preciso de sua convicção ao mentir que esta tudo em ordem comigo e não preciso de mais nada, além de acreditar em você.

sábado, 2 de julho de 2011

Coisinhas que podem rimar, guardadas há tempos no porta-treco da memória. É chegada à hora de esvaziá-lo...


Cantiga de Amor

Acabou o arroz.
Falta o pão.

Perdão amor,
Amor, perdão...

o papel higiênico é o último.
Amanhã não terá mais sabão.

Perdão amor,
Amor, perdão...

Hoje a Senhora não conseguiu trabalho.
Amanhã prometo dar fim ao seu sofrimento.

Perdão amor,
Amor, perdão...

Não travei a porta da frente,
mas providenciei cadeados
com todos os segredos paras as janelas.




Colóquio

Há conversas entre homens
Enquanto a vida que ganho em um dia
É-me tirada, sem cerimônia, no outro.

Entre conversas, as mulheres matam leões.
Eu, cotidianamente caio nas mandíbulas dos caninos.

Há conversas entre homens e mulheres e mulheres e homen
E para mim, a crueldade da delicadeza está em ser sutil.

O resto...
É silêncio. 





Interlúdio

Na rua da memória
O menino de hoje brinca
O mesmo esconde-esconde de outrora.

Esbarra em mim...
Pede desculpas...
Sorri.

No olhar
A inconsciente compreensão do futuro.


Insignificância

Não é que joguei fora seu poema concretizado em mim?

Sem querer... Saiu sem esforço...

Reli,
Não entendi.

Embolei a memória e fiz lixo de ti.


Venda

Tenho história de amor.
Bonita.
Com infinitos capítulos que dão ibope toda vez que a monotonia não nos visita.


Dever cumprido

Já plantei um filho,
tive uma árvore
e pari um livro.










 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Coisas de Salé: Peraltices

Coisas de Salé: Peraltices

Peraltices


Criança peralta é um porre. A gente não sabe onde ela esta. Nunca. Achamos que a temos sobre controle, que ela esta lá no cantinho e a criaturinha por aí. Solta. Se pudéssemos amarraríamos essas coisas. Criança quieta também é um porre. A gente não sabe o que ela tem nem o que ela quer. Atiça a alminha lá no seu cantinho e não sabe o que vem por aí. Se soubéssemos não cutucaríamos. Elas desencantam e se juntam as outras num plano maquiavélico: conjugar o verbo peraltear. Elas, peraltas ativas e peraltas adormecidas, saem, antes fossem todas juntas, e brotam como flor formosa. Daí é um Deus nos acuda: Viram heróis. São felizes a qualquer custo. Não interessam onde estão: quintal ou apartamento. Sobem em árvores. Não qualquer árvore. Tem de ser a mais alta, com os galhos mais podres. Andam de bicicleta. Não um passeio normal que não tem graça. Tem de ser daqueles passeios que incluem no roteiro a calçada da velha mais chata da rua, melhor ainda se a estiverem cimentando e o cimento estiver úmido. A sala de casa, assim que a mãe termina de limpar também. Todos os montes de terra. Se não tiver monte que se faça rampas. Uma hora elas... Caem. E não estão maduras. Sabem onde elas se recuperam? Esquiando nas escadas. Fugindo para a casa onde jamais a procuraríamos. Se atracando com outras criaturinhas aos puxões de cabelos, escrevendo novas historias em paredes recém-caiadas, cuidando das flores nos jardins alheios: arrancam todas. Pregam chicletes em cadeiras, jogam pedras em vidraças, só jogam bola onde não tem jeito de jeito nenhum, desamarram cadarços dos outros e colocam cestos de lixo para cair na cabeça de professores: ô peraltice antiga, mas ainda funciona. Hoje em dia, graças a Deus, quase não tem criança que se afoga, mas continuam lavando gatos em tanques, engolindo botões, moedinhas, são mesmo uns monstrinhos: Adoráveis. Vivos. Já dizia o poeta que melhor não tê-los, mas se não os temos, como sabê-los? Chupam gilete, bebem xampu, ateiam fogo no quarteirão, são loucos, mas são a coisa mais linda: com um sorriso desmontam a gente, com as traquinagens mostram o quanto estamos fora de forma: física e intelectualmente. Obriga-nos a recuperar a energia que tínhamos quando peraltas iguais a eles. Tudo bem que é uma chance de educá-los, mas não venha querer enganá-los, fazendo-os pensar que sempre fomos ‘santos’. Ah se eles soubessem...

Se doido agrega doido e um gambá cheira outro( só pode ser falta de opção, não acham?), certeza absoluta que tenho meus comparças na hora de aprontar em sala-de-aula. Nyvea é uma dessas professsoras cheia de invencionices. De algumas travesuras pedgógicas que inventou eu participei diretamente. De outras, só atendi o mandado de tecer as palavras para ela usar de pretexto( É, escrito assim mesmo) para alguma peraltice. De mim, inspirado no Dudu- meu seguidor mirim (nós dois estudamos tabuada e espanhol por msn, mas isto é outra história), para Tia Nyvea e seus peraltas preferidos.